A actriz portuguesa, actualmente a trabalhar nos EUA, Daniela Ruah viu o seu nome ser 'arrastado' para uma polémica que nada tinha a ver consigo. Moisés Broder, empresáro do ramo imobiliário e padrasto da actriz, esteve preso por tráfico de armas e condiciona agora a candidatura independente de Fernando Nobre por alegada falta de pagamento da renda da sede de campanha em Lisboa.
(Notícia DN online)
Moisés Broder, que exige renda em atraso, já quis comprar terrenos da Feira Popular e foi o último dono da Dinensino
Moisés Szmulewicz Broder é o homem que, nas últimas semanas, deixou em maus lençóis a candidatura independente de Fernando Nobre, acusando-a de não pagar a renda da sede da campanha, em Lisboa (ver texto ao lado).
Empresário do ramo imobiliário, hoje padrasto da actriz Daniela Ruah (é casado com Catarina Ruah, que administra empresas consigo), Moisés Broder já viu o seu nome associado a outros negócios chorudos em Lisboa, como a compra dos terrenos da Feira Popular durante a gestão autárquica de Santana Lopes e de Carmona Rodrigues (2004) e quando adquiriu a Dinensino, a cooperativa da Universidade Moderna (2006).
Recuando no tempo, dois jornais americanos - o New York Times e o Los Angeles Times - relatam a detenção de três portugueses, no aeroporto internacional da cidade californiana de Los Angeles, por tráfico de armas para o Irão. Entre estes, estava Moisés Broder, na altura com 47 anos.
O empresário acabaria condenado a um ano e um dia, por envolvimento num esquema de venda de componentes dos mísseis Hawk para o regime iraniano.
Ao juiz federal Harry L. Hupp, dizia o Los Angeles Times de 4 de Junho de 1985, Moisés Broder disse que tinha "envergonhado" a sua família e pedia, aos soluços, para regressar a Portugal: "Tem a minha palavra - a palavra de um homem de honra - de que não se arrependerá se me deixar voltar a Portugal." O juiz mostrou-se compreensivo, mas implacável: "Acredito em si, mas tenho uma grande responsabilidade. Vou condená-lo para desencorajar outros homens de negócios estrangeiros que podem ser tentados pelo dinheiro fácil."
Este dinheiro vinha da venda de armamento para o Irão, numa "conspiração" que valeria 600 mil dólares, à época - "105 mil contos", informava o DN a 21-01-1985.
Segundo relatos da imprensa americana, Broder foi um privilegiado no cumprimento da sua pena. Um magistrado autorizou a prisão domiciliária num condomínio luxuoso, para assim poder continuar a gerir os seus negócios. "É um homem muito rico. Mas foi ganancioso", apontou-lhe um procurador americano.
Moisés Broder vivia em Birre, Cascais, e era apresentado como "um conhecido empresário, de origem judaica", e que tinha sido representante das calças Levi's.
Hoje, os negócios de Broder concentram-se no imobiliário. Como representante do grupo internacional BCRE, em 2004, quis comprar os terrenos da Feira Popular, oferecendo 160 milhões de euros à Câmara Municipal de Lisboa num negócio que envolvia a aquisição do Parque Mayer. O negócio teria o aval dos feirantes, que receberiam das mãos de Moisés Broder 25 milhões de euros.
Já em 2006, com a Incentiveste - Imobiliária e Investimentos SA, de que é presidente do Conselho de Administração, Broder ensaiou a compra da Dinensino, a cooperativa que detinha a Universidade Moderna, para transformar os terrenos de Belém num condomínio de luxo. Agora, o empresário vem de novo para as páginas dos jornais pelo diferendo da renda da sede de Fernando Nobre.